sábado, 21 de abril de 2012

Transversais - PRETO CAXIAS

A população inteira de Bagé aprendeu a ver o túmulo do Preto Caxias, no Cemitério
da Santa Casa, muito enfeitado, cheio de flores e visitado regularmente por centenas de pessoas ao longo de cada ano. Quem foi ele, como se chamava e porque
é tão venerado, devem se perguntar centenas de outros que não sabem de sua história de vida.
Ele nasceu no Rio de Janeiro e veio para Bagé para servir no quartel do 8° Batalhão de Infantaria. Extinguido o tempo de caserna, em 1847, fixou residência na cidade, tendo desenvolvido um serviço social que ficou conhecido como “Protótipo da Caridade”. Ele esmolava de porta em porta e a renda dedicava aos desvalidos. Sua bondade era tamanha que a população nele confiava e com ele rezava sempre em favor
dos necessitados. Foi admitido como zelador da Santa Casa de Caridade onde desempenhava paralelamente um serviço assistencial aos doentes carentes, aperfeiçoando os serviços de enfermagem que exercia, conquistando cada vez mais as famílias.
Os historiadores Jorge Reis e Mário Lopes escreveram que seu sepultamento,
em 1° de julho de 1888, foi uma verdadeira consagração com a presença de enorme público, tendo o ato contando com oradores que ressaltaram os seus indiscutíveis méritos, diante de uma massa humana comovida e chorosa.
Chamava-se Maximiniano Domingos do Espírito Santo e, ao falecer, estava curvado pelos 80 anos dedicado ao pobres a quem socorria com as doações que arrecadava da população que nele sempre acreditou. Como gratidão e a pedido do povo, foi dado oficialmente seu nome a uma rua da zona sul da cidade. Sua memória ainda é reverenciada, como se verifica em seu túmulo, na parte central do cemitério, permanentemente florido e onde foram colocadas placas de agradecimento por graças recebidas. Seu apelido, Preto Caxias, como até hoje é conhecido, teria
nascido da cor de sua pele e da dedicação e honradez do tempo em que servia ao quartel.
Em seu túmulo, consta na lápide o seguinte: "Passou pela vida sofrendo
e chorando as dores alheias". Também aparecem duas mãos se entrelaçando.
Uma branca e uma preta. A branca, fina e delicada, unhas bem cuidadas, tipo de pessoa nobre, seria a da princesa Isabel, que, ao visitar Bagé e frequentar a
Igreja Matriz, teria sido apresentado pelo cônego Bittencourt ao que ele chamou de “a alma mais caridosa da cidade”. A princesa, diante disso, ter-lhe-ia estendido
a mão o que para Preto Caxias haveria de ser uma honra jamais sonhada.

Postado por Sandra Garcia em Julho/2011 no blog: http://bagenossarainhadafronteira.blogspot.com.br/

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