terça-feira, 7 de agosto de 2012

As Redes Sociais (Pedro Araujo)

O social está assumindo um papel cada vez mais importante no mundo da Internet. Os chamados "softwares sociais" estão cada vez mais sendo usados e têm contribuido para a aproximação das pessoas e a criação de comunidades virtuais.

Por Pedro Araújo

Uma comunidade pode agregar pessoas ou valores na medida que desenvolve o capital social envolvido no seu ambiente. Uma comunidade com um maior capital social tem um maior compartilhamento de conhecimento, o que faz com que as chances de mudanças comportamentais significativas sejam maiores do que em comunidades com menor capital social. As comunidades com maior capital social certamente dispõem de muitos participantes com elevado capital social individual. Mas, afinal, o que é capital social? Podemos definir capital social como sendo a soma dos potenciais disponíveis em uma rede de relacionamentos.

O capital social pode ser caracterizado através de três dimensões básicas:

Estrutural (em rede): habilidade que as pessoas têm para fazer contato com outras pessoas. Reduz a quantidade de tempo e o investimento necessário para se obter informações, localizar especialistas, resolver problemas.

Relacional (compromissos): o senso de comprometimento desenvolvido ou que se desenvolve através de obrigações, normas, confiança e identificação.

Cognitivo (aprendizado): o interesse ou o entendimento comum; o desenvolvimento de um contexto compartilhado entre ambas as partes.

Assim, as comunidades virtuais podem ser um elemento significativo para a ampliação do capital social de pessoas ou organizações. Esses ambientes dão oportunidades para que os indivíduos façam novos contatos, abrindo espaço e tempo para seus relacionamentos, achando meios para o compartilhamento de culturas e experiências e, com isso, aprimorando de forma consciente, ou não, as suas vidas.
Nas comunidades virtuais, vemos pessoas colocando suas postagens em resposta às colocações já realizadas, estabelecendo vínculos diretos: as chamadas “ligações fortes”.
Por outro lado, a maioria dos participantes somente olha – e rapidamente – as colocações feitas, estabelecendo, assim, vínculos distantes: as “ligações fracas”. Nessa área, se explora o conceito de “individualismo em rede”, como uma extensão da tendência ao individualismo já existente na nossa sociedade atual.
Vivemos uma grande contradição. Estamos presenciando na nossa sociedade uma individualização intensa, enquanto que, simultaneamente, estamos dependentes do relacionamento com os outros. O sociólogo Manuel Castells diz que o grande papel da Internet na estruturação das relações sociais é a sua contribuição para esse novo tipo de sociabilização, baseada no individualismo. Para ele, a web é o suporte apropriado para a difusão do individualismo, onde as pessoas habitam as comunidades virtuais com ligações fracas.
Embora o surgimento das redes de relacionamento tenha provocado em algumas pessoas o efeito contrário do que o esperado, a psicanalista Anna Verônica Mautner acredita que esse individualismo está aos poucos se rompendo, mas, ao mesmo tempo, estamos fazendo uma comunicação surda. “Facebook, orkut são exemplos de comunicação surda. As pessoas escrevem coisas como ‘Agora eu vou tomar banho’”. Para Anna Verônica, as pessoas se abrem, desabafam, mas não interagem; por isso, a psicanalista chama de “surda” essa forma de comunicação.
Há a visão de que o real e o virtual são dois mundos distintos. Algumas pessoas veem as comunidades virtuais como ilhas exóticas, com espaços sociais delimitados, independentes do tempo, do espaço e do local. O fotógrafo Lucas Martins defende a mudança do conceito da Internet para “artefato cultural”. O que ele chama de “mudança de foco” é as pessoas deixarem de “ver a atividade online como um desligamento das atividades da vida real”.
As facilidades do mundo virtual são muito bem-vindas ao nosso dia-a-dia. Para Lucas, “se podemos evitar as enormes filas dos bancos pagando nossas contas em casa, pela Internet, por que não usarmos a tecnologia a nosso favor, economizando tempo e estando livre de assaltos?”. Já para Anna Verônica, o problema surge quando tudo parece poder ser resolvido com o simples apertar de um botão. Durante a entrevista, a psicanalista pega um pedaço de papel e faz um barquinho. “Eu fiz uma coisa. Quando eu escrevo ‘barquinho’ no computador, eu não fiz nada. Temos que ensinar o homem a voltar a fazer”, conclui Anna Verônica.

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